Avaliação do ângulo de fase e fadiga em pacientes com câncer
Este é o tema a ser apresentado no Exame de defesa de dissertação de Mestrado de Tatyanne Letícia Nogueira Gomes, orientada pelo professor Gustavo Duarte Pimentel, que ocorrerá no dia 19/02/2020 às 08:30h no Miniauditório Jatobá.
Introdução: Pacientes com câncer sofrem alterações metabólicas que contribuem para redução da integridade celular, desidratação intracelular e aumenta o fluido extracelular. O ângulo de fase (AF) derivado da análise de impedância bioelétrica (BIA) é considerado um bom indicador de saúde celular, integridade da membrana celular, função celular e da proporção de líquidos no compartimento extra e intracelular. Em pacientes com câncer prejuízos no estado nutricional podem contribuir efetivamente no desenvolvimento de sintomas debilitantes como a fadiga. Tendo em vista que o AF é um bom parâmetro para a avaliação da integridade e hidratação intracelular, os objetivos desse estudo foram: (i) avaliar a prevalência de fadiga; (i) verificar a associação entre o AF e a fadiga e (ii) verificar a associação entre o AF e a fadiga após o ajuste para o acúmulo de liquido extracelular. Metodologia: Estudo transversal realizado com 124 pacientes de ambos os sexos em tratamento de câncer (quimioterapia ou cirúrgico). Foram coletados dados de peso corporal, altura, índice de massa corporal (IMC), força de preensão manual (FPM), performance status e presença de caquexia. Adicionalmente, a composição corporal foi avaliada por meio da BIA para obter dados sobre o nível de hidratação e o AF. O ponto de corte utilizado para classificar os pacientes com baixo AF foi definido <4º. Para identificar a fadiga, foi aplicado o questionário Functional Assessment of Cancer Therapy Fatigue (FACT-F). Resultados: Dos 124 pacientes avaliados 79%(n=98) eram homens e 26% apresentaram fadiga. A prevalência de fadiga foi maior entre os pacientes com AF <4º (65,63%). Nas análises de regressão logística, nós observamos que pacientes com AF> 4 º apresentaram menor risco de fadiga (OR: 0,92 IC95% [0,86-0,99], p = 0,03), porém após ajustes pelo percentual de perda de peso em 6 meses, idade, sexo e hidratação a associação não foi mantida (OR: 0,94 IC 95% [0,85-1,04], p = 0,26). Conclusões: Aproximadamente 26% dos pacientes com câncer apresentavam fadiga, sendo que esta prevalência era maior entre pacientes com AF <4 º (65,63%). No entanto, não foi encontrada associação entre o AF a fadiga após os ajustes, visto que pode sofrer influência do acúmulo de líquido extracelular, muito comum nesses pacientes.