Avaliação do risco nutricional, de sarcopenia e de mortalidade em pacientes oncológicos hospitalizados
Este é o tema a ser apresentado no Exame de defesa de dissertação de Mestrado de Thaís Cristina Borges, orientada pelo professor Gustavo Duarte Pimentel, que ocorrerá no dia 21/02/2020 às 09:00h no Miniauditório Jatobá.
Introdução e objetivo: O câncer é caracterizado por um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. Este ocasiona diversas alterações no estado de saúde, dentre elas a piora no estado nutricional, o aumento do risco de sarcopenia e o agravar e/ou desenvolver de comorbidades, que contribuem para o aumento do risco de mortalidade nesses pacientes. Desta forma, o uso de instrumentos validados, de fácil interpretação e aplicação clínica são necessários na identificação prévia destes riscos. Assim, nosso objetivo foi avaliar a prevalência de sarcopenia e a associação entre o questionário Strength, Assistance for walking, Rise from a chair, Climb stairs, and Falls (SARC-F) com Índice de Comorbidade de Charlson (ICC) e Nutritional Risk Screening 2002 (NRS 2002). Métodos: Estudo transversal que envolveu 77 pacientes, adultos e idosos, ambos os sexos, com diversos tipos de câncer e internados no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. O risco de sarcopenia foi avaliado pelo questionário Strength, Assistance for walking, Rise from a chair, Climb stairs, and Falls. Os pacientes foram divididos em grupos com risco de sarcopenia (SARC-F escore ≥4) e sem risco de sarcopenia (SARC-F escore <4). O risco de mortalidade foi analisado utilizando o Índice de Comorbidade de Charlson, nesse questionário (escore ≥ 5) está relacionado a um aumento no risco de morte em um ano ou mais e para avaliação do estado nutricional foi utilizado o questionário de triagem hospitalar Nutritional Risk Screening 2002, nesse (escore ≥ 3) indica risco nutricional. Para análise dos dados foram feitas a regressão logística e a regressão linear múltipla para verificar a associação e o poder preditor de SARC-F em relação a ICC e NRS 2002 escores. Resultados: Dos 77 pacientes, 40.2% (n=31) foram classificados com risco de sarcopenia e 59.7% (n=46) sem risco. A análise de regressão logística revelou associação entre o risco de sarcopenia (SARC-F≥4) com ICC (p<0.0001) e NRS 2002 (p<0.0001), sem ajuste e após ajustado para idade ICC (OR: 4.93; 95%CI[1.44-16.82], p = 0.010) e NRS 2002 (OR: 26.77;
95%CI[5.60-127.82], p <0.0001). A regressão linear múltipla mostrou que o SARC-F é um bom preditor para aumento do ICC (β=0.357, R²= 0.29, p= 0.003) e do NRS 2002 (β=0.519, R²= 0.49, p<0.001). Conclusão: Aproximadamente 40% dos pacientes com câncer apresentaram risco de sarcopenia quando rastreados pelo instrumento SARC-F. Além disso, o maior risco de sarcopenia foi capaz de se associar a presença de risco nutricional e de risco de mortalidade em pacientes oncológicos hospitalizados.