
Exercício físico e microbiota intestinal em indivíduos com obesidade ou diabetes: revisão sistemática
Este é o tema a ser apresentado no Exame de defesa de dissertação de Mestrado de John Sebastião Cardoso da Silva, orientado pela professora Maria Margareth Veloso Naves, que ocorrerá no dia 30/08/2021 às 08:00h via webconferência.
A microbiota intestinal (MI) é composta em sua maioria por bactérias que colonizam o trato gastrointestinal inferior. A MI desempenha um papel importante na fisiologia do hospedeiro, contribuindo para a digestão de alimentos, modulação do sistema imunológico, sinalização neurológica e regulação da função endócrina intestinal, entre outras funções. Tais características conferem a MI uma importante função na manutenção da saúde e também na fisiopatogenia de doenças metabólicas, como obesidade e diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Fatores como dieta e uso de antibióticos podem modular a composição da MI, porém o exercício físico também tem sido proposto como agente modulador desses microrganismos. No entanto, o papel do exercício físico na modulação da MI em indivíduos com doenças metabólicas ainda é pouco compreendido. Assim, o objetivo desta revisão sistemática foi investigar as evidências científicas que avaliaram o efeito do exercício físico na modulação da MI em indivíduos com obesidade ou DM2. Para tanto, foi realizada uma busca nas bases dados eletrônicas MEDLINE/PubMed, Web of Science, Scopus, Cochrane e Elsevier-Embase, do dia 01 a 11 de março de 2021, utilizando as principais palavras-chave relacionadas ao tema microbiota intestinal, exercício físico e doenças metabólicas. Foram incluídos apenas ensaios clínicos controlados e randomizados e estudos quase-experimentais. Esta revisão foi registrada na PROSPERO e os resultados foram relatados segundo as diretrizes da PRISMA. Oito estudos atenderam aos critérios de inclusão, sendo seis realizados em indivíduos com obesidade e dois em indivíduos com DM2. Cinco dos seis estudos com indivíduos obesos apresentaram alteração na abundância de algumas espécies bacterianas, com destaque para as alterações positivas nos gêneros Bacteroides, Bifidobacterium, Veillonella e Akkermansia. Em alguns dos estudos também houve alterações positivas quanto às medidas de diversidade e produção de metabolitos associados à MI. Em indivíduos com DM2 houve melhora de marcadores relacionados à endotoxemia metabólica. Destacam-se as seguintes limitações dos estudos incluídos: a baixa qualidade metodológica, a heterogeneidade das amostras, e a discrepância entre os estudos nos métodos e volume de treino aplicado. Em conclusão, podemos sugerir que o exercício possui potencial capacidade de modular positivamente a MI de indivíduos com obesidade e DM2, porém mais estudos com melhor delineamento devem ser realizados.