Pesquisa relaciona a perda do olfato e paladar com a Doença de Parkinson
Pesquisa desenvolvida na Faculdade de Nutrição da UFG visa contribuir para a melhoria da qualidade de vida de quem sofre deste mal
A nutricionista Flávia Moreno Duarte**, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde e orientanda da doutora Tânia Aparecida P. Castro Ferreira desenvolve, desde o início de 2012 a pesquisa intitulada “capacidade olfatória e gustativa em indivíduos com Doença de Parkinson”. Em entrevista, a mestranda explica detalhes sobre seu projeto, bem como a possível contribuição da pesquisa para a qualidade de vida dos portadores da Doença de Parkinson.
De que trata sua pesquisa?
Flávia: Esta pesquisa trata da avaliação da capacidade olfatória, gustativa e nutricional de indivíduos com doença de Parkinson. Tem o intuito de verificar a magnitude e prevalência da disfunção olfatória e gustativa nos doentes e também verificar a prevalência de disfunção antes dos problemas de motilidade (em indivíduos controles, sem doenças neurológicas). E associar a disfunção com fatores associados (exposição à agrotóxicos, hábitos de vida, consumo de água de poço, consumo alimentar, estado nutricional).
O que já foi descoberto sobre o assunto?
Flávia: Sabe-se que o comprometimento do olfato é um indicativo importante para o diagnóstico precoce da doença de Parkinson, visto que, este comprometimento pode iniciar 7 anos antes de começar os sintomas motores característicos da doença. Consequentemente, um dano ao sistema olfatório pode atenuar a identificação dos gostos básicos, pois estes dois sentidos trabalham em conjunto. A investigação da capacidade gustativa neste grupo ainda não foi muito explorada, bem como o estado nutricional desses indivíduos e fatores associados.
Em que aspecto sua pesquisa poderá contribuir para o conhecimento científico?
Flávia: Será possível ter uma melhor compreensão de como os indivíduos com doença de Parkinson percebem o odor (cheiro) de determinadas substâncias e os gostos básicos dos alimentos (doce, salgado, amargo, ácido e umami – gosto característico dos alimentos industrializados, como caldos concentrados de carne e realçadores de sabor). E assim, esclarecer como estas alterações sensoriais pode alterar a ingestão de alimentos, o estado nutricional dos indivíduos, influenciar na adesão da dieta e na recuperação do paciente e auxiliar no entendimento do comportamento alimentar. E consequentemente, implementar estratégias de orientação nutricional adequada para esses pacientes.
Qual a possível contribuição de sua pesquisa para a vida das pessoas (sociedade)?
Flávia: O olfato e o paladar são de extrema importância para a saúde e qualidade de vida dos indivíduos. Isto por que, a perda do olfato pode representar um maior risco de inalar substâncias tóxicas, de ingerir alimentos deteriorados e induzir opções alimentares menos saudáveis; e a perda do paladar muitas vezes induz à perda do apetite, o que resulta em desnutrição e uma piora na qualidade de vida. Dessa forma, esta pesquisa trará resultados que possam minimizar os prejuízos advindos da perda do olfato e do paladar, com uma melhor orientação nutricional e adequações de preparações culinárias.
Como sua pesquisa pode contribuir para o desenvolvimento de novos produtos/serviços? Que tipo de produtos/serviços podem ser aperfeiçoados ou criados a partir de sua pesquisa?
Flávia: A partir da disfunção gustativa e olfatória observada, pode-se modificar preparações culinárias, a fim de intensificar o gosto cuja sensibilidade de detecção ou de reconhecimento é baixa, e assim o paciente poderá ter uma melhor adesão à dieta.
Suas considerações finais:
Flávia: A doença de Parkinson tem uma maior prevalência em indivíduos idosos, e com o atual fenômeno de envelhecimento populacional haverá necessidade de adequações no atendimento dessa população, principalmente na área da saúde. Assim, as descobertas advindas desta pesquisa serão muito importantes para colaborar com uma melhor qualidade de vida desses indivíduos, favorecendo um envelhecimento ativo e saudável.
**Graduada em Nutrição pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2011). Foi monitora da Disciplina Composição de Alimentos. Foi pesquisadora voluntária do Programa Viva Leve do Grupo de Estudo e Assistência ao Sobrepeso e Obesidade na Infância e na Adolescência da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia. Foi Membro integrante do Conselho de Avaliação Institucional do Curso de Nutrição (PUC GO). Atualmente é aluna do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde (UFG), bolsista CAPES. Está inserida na linha de pesquisa “Qualidade de Alimentos e Dietas”.
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