Avaliação do índice de qualidade muscular em pacientes em tratamento de hemodiálise
Autor(a): Jéssica Ferreira Mayrink Ivo
Orientador(a): Maria do Rosário Gondim Peixoto
Tipo de Trabalho de Conclusão: dissertação
Data da Defesa: 26/02/2021
Resumo:
Objetivo: Avaliar a qualidade muscular de pacientes em hemodiálise (HD), comparando índice de qualidade muscular (IQM) e velocidade de marcha como avaliadores da qualidade muscular através da associação de variáveis clínicas que influenciam a menor integridade e funcionalidade muscular. Material e métodos: a amostra foi composta por 97 pacientes em HD, com idade entre 21 e 74 anos, de ambos os sexos. Os pacientes foram avaliados quanto à comorbidades, soprepeso/obesidade, atividade física, tempo de HD, percentual de massa gorda (MG), gordura visceral, massa muscular esquelética (MME), água extracelular corporal/água corporal total (AEC/ACT) e ângulo de fase (AF) obtidos da bioimpedância (BIA); massa corporal e índice de massa corporal (IMC). Foram avaliados velocidade de marcha e força muscular (FPM) para avaliar funcionalidade e qualidade muscular. O IQM foi calculado pela razão FPM/MME do braço sem fístula Foi avaliada a associação das variáveis com IQM em tercis e baixa velocidade marcha (<0,08 m/s) por Ꭓ2 de pearson e diferenças de média e mediana entre os grupos foram obtidas por ANOVA ou Krukal Wallis e teste t student ou Mann Whitney. As variáveis também foram associadas ao IQM ou velocidade de marcha por análise de regressão linear simples e múltipla. Resultados: A amostra caracterizada por maioria do sexo masculino (70,8%), com mediana de idade em 51 (42-62) anos, 18,56% dos pacientes apresentaram baixa velocidade de marcha e o IQM médio da amostra foi de 25,01±6,41. 38,14% dos pacientes apresentaram IMC e % de gordura acima do ponto de referência apresentando sobrepeso/obesidade. Pacientes com baixa velocidade de marcha apresentaram menor prática de atividade física (p=0,003), menor AF (p=0,042), força de preensão manual (p=0,004) e IQM (p=0,028), pacientes com menor IQM apresentaram maior média de gordura visceral (p=0,018), massa corporal (p=0,008), maior percentual (59,38%) de pacientes com soprepeso/obesidade (p=0,007) e do sexo masculino (42,03%; p=0,003). Sobrepeso/obesidade, gordura visceral, massa corporal e MME foram associados ao IQM (ꞵ=-2,615, p=0,051; ꞵ=-0,774, p=0,044; ꞵ=- 0,114; p=0,009; ꞵ=-0,392, p=0,001), mas não a velocidade de marcha. O AF e atividade física foram menores no grupo com baixa velocidade de marcha (p=0,042; p=0,003), sendo também associados a ela em regressão linear simples (ꞵ=-0,127, p=0,003; ꞵ=0,005, p=0,016), mas não apresentaram diferença entre os tercis e nem associação ao IQM. Em regressão linear múltipla sexo, tempo de HD, massa corporal e velocidade de marcha explicaram 22,8% da variabilidade do IQM (p<0,001, VIF=1,09). Sexo, diabetes, AEC/ACT e atividade física explicaram 21,4% da variabilidade da velocidade de marcha no modelo 1 (p<0,001, VIF=1,11) e 28,7% no modelo 2, o qual substituiu o AEC/ACT pelo IQM (p<0,001, VIF=1,05). Conclusão: Ambos os indicadores parecem ser úteis para avaliar a qualidade muscular de pacientes em HD.A velocidade de marcha aparece como um bom indicador da integridade tecidual e funcionalidade muscular (QM), embora em casos de sobrepeso/obesidade o IQM possa ser mais interessante.
Palavras-chave: Hemodiálise; Sarcopenia; Composição corporal; Força muscular