Interações entre escore de risco genético e grau de processamento dos alimentos em alterações do perfil lipídico de indivíduos adultos jovens
Autor(a): Marina Alves Pinheiro
Orientador(a): Maria Aderuza Horst
Tipo de Trabalho de Conclusão: dissertação
Data da Defesa: 23/08/2024
Resumo:
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a interação de um escore de risco genético (GRS) e o consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) em alterações do perfil lipídico de adultos jovens. Tratou-se de um estudo analítico, do tipo transversal, envolvendo 199 adultos jovens (19 a 24 anos) de ambos os sexos e sem diagnóstico de doenças. O consumo alimentar foi estimado por recordatórios de 24 horas e categorizado de acordo com a classificação NOVA. Foram analisados os seguintes marcadores bioquímicos de perfil lipídico: triacilgliceróis (TG), colesterol total (CT), e o contido nas lipoproteínas de baixa densidade (LDL-c), de alta densidade (HDL-c), o não HDL-c (N-HDL-c), e as apolipoproteínas ApoA1 e ApoB. A genotipagem foi realizada por reação em cadeia da polimerase (PCR) alelo específica para oito polimorfismos: SCARB1 (rs4765623), APOB (rs693 e rs1367117), LIPC (rs2070895 e rs1800588), LDLR (rs5925 e rs688), FABP (rs1799883), os quais compuseram um GRS. As associações foram testadas por modelo linear generalizado, teste de qui- quadrado de Pearson ou regressão logística, dependendo da variável desfecho analisada. Houve associação positiva entre GRS elevado (≥ 6 alelos de risco) e concentrações de LDL-c (p=0,015), não-HDL-c (p=0,028), ApoB (p=0,029) e Índices de Castelli I e II (p=0,028 e p=0,014) após ajuste para idade, sexo e IMC. Sessenta e oito por cento dos participantes apresentaram alterações no perfil lipídico sérico total ou apolipoproteínas, com uma frequência significativamente maior (p<0,001) observada no grupo com alto GRS (≥ 6 alelos de risco) (72%), em comparação àqueles com baixo GRS (< 6 alelos de risco) (28%). O alto GRS esteve positivamente associado a concentrações de LDL-c, em comparação a um baixo GRS (β=0,099; IC95%=0,008;0,19; p=0,033). Além disso, a interação entre o alto GRS e baixo consumo de alimentos não ultraprocessados teve um aumento significativo nos distúrbios do perfil lipídico sérico total ou apolipoproteínas (OR=3,094; IC95%=1,17;8,17; Pinteração=0.022). Os resultados sugerem que mudanças nos perfis lipídicos dos adultos jovens são associadas a variações genéticas, tanto isoladamente quanto em interação com o consumo alimentar. Mais estudos são necessários para confirmar esses achados.
Palavras-chave: Nutrigenética; Polimorfismos de nucleotídeo único; Dislipidemia; Alterações lipídicas; Classificação NOVA