Estado nutricional e validação de métodos na Doença Renal Crônica: avaliação da desnutrição pelo método GLIM e da obesidade abdominal pela circunferência da cintura

Autor(a): Clara Sandra Araújo Sugizaki

Orientador(a): Maria Do Rosário Gondim Peixoto

Tipo de Trabalho de Conclusão: tese

Data da Defesa: 28/04/2023

Resumo:

Objetivos: (1) realizar a validação concorrente da melhor combinação de critérios GLIM (Global Leadership Initiative on Malnutrition) para o diagnóstico da desnutrição de pacientes em hemodiálise (HD); (2) comparar o índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC) e razão cintura estatura (RCE) para estimar fatores de risco cardiometabólico e doenças cardiovasculares em adultos com doença renal crônica (DRC) nos estágios 3 a 5 do NHANES (National Health and Nutrition Examination Survey), e (3) comparar indicadores da obesidade total (IMC) com a obesidade abdominal (CC, RCE e índice de circunferência da cintura [WCI]) na predição de mortalidade por todas as causas em indivíduos com DRC nos estágios 3 a 5 do NHANES. Para tanto, foram conduzidos três estudos. O primeiro, do tipo analítico transversal, foi realizado em clínica de HD de Goiânia. Vinte combinações diferentes foram obtidas entre os critérios fenotípicos e etiológicos do GLIM. Para testar a acurácia de cada combinação, foi utilizada a área sob a curva ROC. O segundo e terceito estudos foram realizados por meio da extração e análise do NHANES (2005-2016). Desse estudo, foram derivados dois manuscritos, um com abordagem transversal, em que análise de regressão logística foi realizada para testar a associação do IMC, CC e RCE com doenças cardiovasculares, e o outro, coorte, cujos dados de mortalidade foram extraídos do National Death Index (NDI) e análises de regressão de Cox foram realizadas para identificar a performance prognóstica do IMC, CC, RCE e WCI para todas as causas de mortalidade. No artigo de validação do GLIM, 104 pacientes foram incluídos. A combinação que considera inflamação e depleção muscular apresentou o melhor desempenho em relação à SGA-7p (AUC=0,642; IC95%: 0,523-0,760) e o MIS (AUC=0,628; IC 95%: 0,548-0,708). No artigo transversal derivado do banco de dados NHANES, foram incluídos 2.825 participantes com DRC: o IMC> 25 kg/m2 apresentou melhor desempenho que a CC (>102 cm para homens e >88 cm para mulheres) e RCE (>0.5), entre toda a população estudada. No entanto, a CC e RCE foram associadas com hipertrigliceridemia (OR da CC: 2,28, IC95%: 1,54-3,40; OR da RCE: 2,85, IC 95%: 0,66-4,88) e diabetes mellitus (OR da CC: 1,84, IC95%: 1,02-3,30; OR da RCE: 3,52, IC 95%: 1,29-9,60) nos participantes com IMC<25 kg/m2. No estudo coorte derivado do NHANES, um total de 2.164 participantes com DRC foram incluídos. Não houve risco significativo de mortalidade para o grupo com IMC≥30kg/m2. A obesidade abdominal foi significativamente associada à mortalidade pelos três parâmetros estudados, mesmo após todos os ajustes, inclusive o IMC contínuo (kg/m2) (HR da CC: 1,24, IC 95%: 1,02-1,50; HR da RCE: 1,23; 95% CI: 1,01-1,50; HR da WCI: 1,27; 95% CI: 1,06-1,54). Assim, concluímos que a inflamação e a depleção muscular devem ser consideradas na avaliação da desnutrição do critério GLIM em pacientes em hemodiálise; e que a obesidade abdominal se associa ao maior risco de desenvolver doenças cardiovsculares e maior risco de mortalidade por todas as causas, em indivíduos não institucionalizados dos Estados Unidos com estágio 3-5 da DRC.

Palavras-chave: Avaliação Nutricional; Doença renal crônica; Desnutrição energético proteica; Obesidade